O que podemos aprender com O Louco do Tarot

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Acredito que este título possa ter te trazido uma curiosidade sobre o que poderíamos aprender com um “louco”… a questão aqui é que este não é um Louco comum.

O Tarot é um conjunto de 78 cartas envolto em muito mistério, a própria palavra que designa as cartas, Arcanum, já remete à Arca, e a mistérios. Neste post quero explorar um Arcano em específico, o Arcano sem número, O Louco. Dentro da sabedoria da Cabala, o Louco se encontra no caminho de Kether à Chockmah na Árvore da Vida. Traduzindo isso, significa que o Louco representa o potencial puro, pois ele está no primeiro caminho da Árvore, mostrando que ele possui o potencial da própria Criação.

Outra relação que temos com o Louco é a associação dele com a letra Hebraica Alef, a primeira do alfabeto hebraico, o Sopro Divino. O Louco é associado também ao elemento Ar, elemento sem forma, leve, que permeia todos os lugares.

Com isso podemos começar a entender o que o Louco nos ensina.

O Louco é o arquétipo da criança, da pureza, da verdadeira inocência. Representa o elemento Ar e toda a sua leveza. O Louco é autêntico e verdadeiro, na idade média, os reis se aconselhavam com o bobo da corte (The Fool), pois ele era o único que falava a verdade sem medo, utilizando a palhaçada para isso.

O Louco pode representar a nossa criança interior, como está a sua? A criança possui a glândula Timo bem forte e ativa, no adulto, parece que ela se enfraquece, enquanto nos idosos, ela parece voltar a se ativar.

A criança geralmente é verdadeira e autêntica no que ela fala, e conforme o ser humano vai se tornando adulto, começa a se moldar de acordo as personalidades que a sociedade pede.

Talvez, você quando criança tinha um jeito, mas de tanto tomar bronca, acabou sufocando este jeito natural para colocar uma máscara que estaria mais “de acordo” com o padrão. Ao longo do tempo, estas máscaras vão se tornando parte do nosso ser, mas elas não deixam de ser artificiais. Chega um momento da vida em que elas começam a pesar muito, e podemos refletir sobre isso com o excelente poema O Louco, de Khalil Gibran:

Perguntais-me como me tornei louco. Aconteceu assim:
Um dia, muito tempo antes de muitos deuses terem nascido, despertei de um sono profundo e notei que todas as minhas máscaras tinham sido roubadas – as sete máscaras que eu havia confeccionado e usado em sete vidas – e corri sem máscara pelas ruas cheias de gente gritando: “Ladrões, ladrões, malditos ladrões!”
Homens e mulheres riram de mim e alguns correram para casa, com medo de mim.
E quando cheguei à praça do mercado, um garoto trepado no telhado de uma casa gritou: “É um louco!” Olhei para cima, para vê-lo. O sol beijou pela primeira vez minha face nua.
Pela primeira vez, o sol beijava minha face nua, e minha alma inflamou-se de amor pelo sol, e não desejei mais minhas máscaras. E, como num transe, gritei: “Benditos, benditos os ladrões que roubaram minhas máscaras!”
Assim me tornei louco.
E encontrei tanto liberdade como segurança em minha loucura: a liberdade da solidão e a segurança de não ser compreendido, pois aquele que nos compreende escraviza alguma coisa em nós.

O Louco nos remete à verdadeira liberdade, à leveza, ao potencial puro, à pureza e à inocência.

Talvez os adultos de hoje sejam muito sérios, pois levam uma vida pesada e estressante. O Louco vem nos lembrar o que um ensinamento que um Grande Mestre nos deixou.

Eu lhes asseguro que, a não ser que vocês se convertam e se tornem como crianças, jamais entrarão no Reino dos céus.
Mateus 18:3

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